sexta-feira, 13 de julho de 2012

Renda fixa é investimento?

       Boa noite.

      Com mais uma queda na meta da taxa Selic, que levou os juros reais a aproximadamente 2,5% ao ano, essa questão torna-se cada vez mais relevante: a renda fixa comum, que inclui títulos públicos, CDBs e poupança pode ser efetivamente considerada um investimento?

      No mundo dito desenvolvido, a situação é ainda mais evidente. O que leva pessoas e instituições a alocar grandes quantias nos tresuries, cuja taxa para 10 anos é de 1,5% a.a., portanto, abaixo da inflação histórica daquele país? Na prática, isso equivale a pagar para manter o dinheiro nas mãos do Tesouro norte-americano. Será que quem faz isso considera tal atitude um investimento? Ou o objetivo seria outro?

      No Brasil a situação ainda é diferente, mas os juros reais estão em tendência de queda desde, pelo menos, a maxidesvalorização do Real, em 1999. Acostumados com os altos juros praticados na época da hiperinflação, grande parte das pessoas parece ainda não ter se dado conta de que, descontadas as taxas e o imposto de renda, atualmente a renda fixa garante apenas a atualização monetária dos valores aplicados, ou, na melhor das hipóteses, um juro real pouco superior a 1% ao ano.

      Nem mesmo os títulos atrelados ao IPCA garantem um bom retorno real, pois o imposto de renda é calculado sobre a variação total do título, o que inclui a correção monetária (diferentemente do que ocorria antes do Plano Real, quando a correção monetária era isenta de imposto).

      Se por um lado o costume de "investir" em juros tem origem na época de altas taxas de inflação, paradoxalmente essa mesma inflação parece esquecida por investidores mais novos, que não conviveram com taxas próximas a 30% ao mês. Essas pessoas, que atingiram a maturidade após o Plano Real, esquecem do efeito devastador  que a inflação provoca no longo prazo, pois a redução do IPCA para algo próximo a 5% ao ano fez com que a perda de valor do dinheiro fosse diluída ao logo do tempo. Mas basta comparar o preço dos bens e serviços em julho de 1994 com os preços atuais para constatar quanto valor o dinheiro perdeu de lá para cá. Apenas a título de exemplificação, o quanto custavam alguns produtos em 1º de julho de 1994:

- 1 bala = R$ 0,01
- 2 chicletes = R$ 0,05
- 1 pão francês = R$ 0,07
- 1 passagem de ônibus = R$ 0,50
- 1 pacote de macarrão = R$ 0,50
- 1kg de feijão = R$ 1,00
- 1 Fiat Uno Mille = R$ 7.243,00


      Então, ficam as perguntas: o que leva as pessoas a preferir alocar o dinheiro em renda fixa e considerá-la um investimento? O que é realmente um investimento? Qual a sua relação com a renda fixa? 

Bjos.


8 comentários:

  1. Creio que seja um investimento sim... porém de baixo risco e baixo rendimento.
    Gera ativo? mesmo que pouco? Então é investimento.

    Claro que um montante deve estar em outros investimentos: RV, Imóveis, etc...

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  2. Considerando que as pessas acham que automovel é investimento... mas de fato, estamos sem opções de rentabilidade atraente e baixa volatilidade

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  3. Querida Fernanda,

    A classificação daquilo que é o ou não investimento não importa, em minha humilde opinião. É tudo questão de palavras. O que importa é o objetivo e o perfil de quem possui o capital. Se o "investidor" é completamente avesso ao risco, ele não vai comprar ações. Se o objetivo é ter um portifólio equilibrado entre RF e RV, o investidor irá comprar RF quando a RV subir e vice-versa.

    Particularmente, considero investimento qualquer coisa que renda acima da inflação. E gosto de investimentos que produzem riqueza (essa filosofia te lembra algo? rs). Renda fixa, eu vejo como algo para reduzir a exposição ao risco de um portifólio grande. Tb vejo a RF como um investimento temporário: preserva-se o capital até que surja uma oportunidade que ofereça uma melhor relação risco-retorno.

    Um beijo!

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  4. Investimento pra mim hoje é FII e Ações. O resto é piada.

    Abraço.

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    1. Não é bem assim Zé. Cuidado para ficar deslumbrado com FIIs e ações. São mercados de risco onde absolutamente NADA é garantido.

      Eu tenho certeza que vc pensa assim apenas pq seu portifólio é pequeno. Imagine-se com um patrimônio de R$ 10 milhões. Vc teria bagos para colocar tudo em ações e FIIs? Uma queda de 20% representa "apenas" R$ 2 milhões de redução desse portifólio...

      A partir de um determinado momento, todos precisaremos nos preocupar menos em ganhar e muito mais em não perder. Pense nisso, amigo Zé.

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    2. Penso exatamente como vc, Troll. Os grandes devem investir em renda fixa, até porque os 3% de rentabilidade anuais representam uma bela grana. No nosso caso, penso que não podemos imobilizar dinheiro dessa forma. No máximo um pequeno percentual pra reserva de emergência. É minha maneira de pensar.

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  5. Cara Fernanda... Quando eu consigo fazer o dinheiro trabalhar para mim e eu ganho da inflação, acredito que sou um investidor.

    Quando eu empato ou perco para inflação, sou um poupador. O crescimento patrimonial depende quase que exclusivamente dos meus aportes.

    Essa é a minha humilde opinião.

    Um abraço!

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  6. Antes de aplicar em novos empreendimentos, todo meu patrimônio estava em CDB (100% do CDI), com liquidez diária.

    Sou bem conservador. (Infelizmente?)

    Oportunidades apareceram e eu acabei investindo cerca de metade do meu patrimônio. Não me sinto confortável em aplicar em RV a outra metade nesse momento.

    Quem sabe nos próximos meses...

    Sucesso!

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